O que não se quer evitar

É inevitável ter problemas. É inevitável passar por baixos. Dizem que é opcional sair deles. Não acho que seja tão opcional assim. Acredito mesmo naquela roda gigante que dá um empurrãozinho. É inevitável a reflexão. Ou os encontros do caos. O pensamento, e aquelas ideias que mesmo nada ideais, não te deixam a cabeça. Num momento, em geral, as coisas não vão bem. Momento da vida em que você acha que é hora de viver intensamente, sem se perguntar se você quer viver desse jeito. Se você está preparado para isso. Ou se isso é mesmo o que você precisa. De todo modo, precisando ou não, ou você acerta ou peca. No erro você aprende, mas o erro também traumatiza. Aquela dor de cabeça cortante percorre a alma todas as vezes depois dessa em que surge uma oportunidade. Por não estar bem, fez da deixa a pior forma de fugir dos seus problemas. E não quer repetir a dose. Não quer, não. Então pára e pensa, avalia os teores de maturidade, tão subjetivos. Acho que a questão é que a ficha não caí. Que quando se adapta a uma condição da qual não queria fazer parte, a alforria se torna simplesmente um sonho. Mas quando vai de sonho a realidade, é inacreditável. Tanto não acredita, que invariavelmente pensa que é mentira. Se convence de que é mais uma pegadinha e de que as coisas vão dar errado. Fica na defensiva e se apropria do próprio silêncio. No fundo tem suas próprias respostas, mas quando é que a gente pára e ouve as verdades de dentro? O maior fardo que se pode carregar na vida é se considerar escravo, seja lá de quê, e carregar lágrimas nos olhos mesmo quando se diz feliz. Ou se julga feliz. No fundo, aquilo que parece o erro nos chama. E você se despede, mesmo querendo andar de mãos dadas. Você não quer evitar. Mas evita. Não deve ser mesmo um erro. Porém, não bota fé. Nem sei porque chamam de erro aquilo que se aprende com. Sinto falta do espontâneo, e da minha própria espontaneidade. No mais, tento que as pessoas me entendam. Embora isso nem sempre se faça necessário. Só não quero evitar. Quero fugir das minhas próprias esquivas e assumir em alto e bom tom: é hora de cair no óbvio. É hora de não fazer do trauma do erro um novo erro.

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