Arquivo do mês: julho 2016

Se eu pudesse te ensinar sobre paixão

Se eu pudesse controlar o que vem depois, eu juro que te pouparia das dores que os acontecimentos bons ou ruins traem consigo. Mas eu te peço que não se traumatize, não crie caso. Eu sei que deve ter doído por uma, duas, cinco vezes, mas não faça caso, tire isso de dentro de você, abandone essa ideia.
Se eu pudesse te ensinar sobre se apaixonar, eu te diria para ir à uma temakeria. Ninguém come temaki com glamour, ninguém de fato SABE como comer um temaki sem derrubar uma quantidade significativa de peixe ou balançar a cabeça de acordo com algo que o outro fale enquanto tem um pedaço de alga pendente no dente. Eu desejo que a pessoa por quem você se apaixone te aceite do jeito que você é, e que essa pessoa não ameace te achar feio ou sem graça mesmo na situação em que você fica mais deplorável, seja babando peixe, seja suado após a corrida, acima do peso após um período de ansiedade ou doente na cama de um hospital. Se apaixone por quem te veja sempre de um jeito terno, quem sempre vai te achar bonito e apreciar seu sorriso, independentemente das circunstâncias.
Se eu pudesse, te falaria, não crie expectativas, mas se apaixone por quem te surpreenda. Com uma carta, com comida, com flores amarelas, com uma visita, uma montanha-russa, música e um violão, ou pela simples presença. Existe um ponto em que as coisas vão se tornar bastante tediosas, e não se engane, isso também vai acontecer com você, e não apenas uma vez. Isso acontece frequentemente, com todo mundo. A esse momento, você vai desejar ter escolhido alguém que te surpreenda, com os menores detalhes, ainda que sem grandiosidade, um pouquinho por dia. Você vai desejar ter do seu lado alguém que te tire para dançar em um dia depressivo, e se isso soar piegas, alguém que tenha ingressos para o jogo do Domingo quando você se julgar cansado para isso. Se apaixone por alguém que te levante da cama quando você não tiver condições para isso, e não por alguém que te deixa de lado quando sua condição é essa.
Se eu pudesse te dar um conselho, te diria para escolher quem te faz sorrir, ou quem sorri com você, mas desejo que essa pessoa seja capaz de aceitar seu lado feio, porque ele existe. Espero que essa pessoa esteja disposta a aceitar o seu “não” e também o seu choro, e torço para que você não tenha vergonha de assumir suas fraquezas e seus defeitos, por mais gritantes que sejam. Escolha quem te admira e quem não te faça se perder de você, de quem você é e do que você faz, esteja você ganhando o Nobel ou desempregado.
Se eu pudesse te dar um conselho sobre se apaixonar, eu diria para ficar do lado de quem te faz achar que o mundo pode acabar hoje, quem te faz sentir que vai vomitar felicidade e que você pode girar sua cabeça incontrolavelmente, quem te faz achar que o tempo parou, o mundo embelezou e ninguém mais está ali, mesmo que você esteja no meio da Avenida Paulista. Se apaixone por quem te faz se sentir no filme de sua própria vida, porque a paixão traz consigo romance, e, algumas vezes, dor.
Se apaixone por quem te conduz com a mão, venda seus olhos e te leva ao cinema, para a praia ou para o outro lado do mundo. Caía de paixão por quem te diz sim e topa viver ao seu lado, quem pondera, quem fala muito sim e também sabe te dizer não. Se eu pudesse te ensinar sobre a paixão, te diria que arrisque até as últimas circunstâncias. Se eu pudesse te ensinar sobre paixão, te diria para comprar a briga, para não abandonar, não ter medo, cair de cabeça. Te diria: fique com ele! Fica com ela! Estou torcendo, o resto não vale a pena! E se eu pudesse te ensinar, te falaria para achar o amor, porque, o amor? Ele fica. Ah, ele fica.

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