Arquivo do mês: agosto 2013

Como e Assim

Se me perguntarem como estou me sentindo, respondo mentalmente o status de auto-relacionamento: reaprendendo lições de humildade para aprender de novo onde não quero estar. Verbalmente, ficarei em silêncio de todo modo. Então, sendo assim, mentalizo uma ou duas vezes, dou risada sozinha, sou tida como louca e deixo passar. Tem hora que o maior aprendizado é entender que o mundo não acabou. Depois, porque ele não acabou. Não que importe. Nem nunca importou. 

 

(para Thay)

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ciclos

Que de tanto pensar, ocorre as vezes que passou. E de tanto passar, me vem à mente que não voltou.

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Um quê de momento

Na correria do dia me vi saindo do elevador às pressas, sem bem olhar o que estava a frente. E quase que trombo com um moço, de modo que sabe-se lá porque ficamos sem graça, naquele momento constrangedor da vida em que um ou outro ameaçam desviar o caminho e não sabem ao certo o que dizer. Então pensei que, no auge de minha falta de tempo, precisava me sentir estimulada. Vá em frente, diga Bom…Boa…e de repente não sabia mais se era dia ou tarde. E parei no Bom. Depois disse Boa. Sem conseguir completar a frase. Estática na porta do elevador para me decidir, não sabia ao certo o que o pobre do moço estava pensando a respeito daquilo. Só sei que ele respeitou meu silêncio. Respeitou meu tempo. E quando eu repetia Boa, naquele momento travado, já pela terceira vez, ele coçou a cabeça e disse: É, boa tarde. Eu assenti e repeti, Boa tarde. Comecei a rir. E já da garagem ouvi ele gritar, Bom dia. Dei bom dia de volta, e ouvi a risada dele em resposta à minha. Soube que ele me entendeu e que, talvez, estivesse tão confuso quanto eu estava naquele momento. Me dei conta de que seria um daqueles momentos em que a vida devolve a você o que você se oferece, ali e agora. Ela tem medidas de reciprocidade, e quando você sabe aceita-las, o dia se torna mais feliz. Me veio a cabeça que certas coisas ruins acontecem, e nós suplicamos para que nunca mais aconteçam de novo. De repente, nos vemos em um carrossel, e nos sentimos girando em um capítulo de novela repetido. Nos negamos a acreditar que é aquilo, de novo. Sentamos, ficamos ansiosos e choramos. Pode ser choro silencioso, mas choramos, sim. Fiquei imaginando como seríamos mais felizes se simplesmente o ver adiante reconhecesse que aquilo é nada mais que um teste. Porque do passado já se leva a solução. Já se sabe o que fazer. A dificuldade está em aceitar que sim, devemos fazer isso mesmo. Isso que você está pensando. É abandonar uma fatia de vida para seguir em frente, e, por menor que ela seja, dói. A vida nos ensina a optar por nós mesmos.
E, portanto, após tanta filosofia de cinco minutos, olhei para frente e me obriguei a ir adiante. Ainda sorrindo.

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Dia D

Dia de gritar, de rabo de cavalo, de pular na cama. Dia de festa, de brigadeiro, de bolo, de salgadinho. Dia de champagne, de vinho, de chuva de refrigerante. Filme, sofá, cobertor. Dia de companhia, maria chiquinha, almofada, travesseiro e lareira. Se estirar no tapete, dormir a tarde, sentar igual índio. Dia de cozinhar, de não lavar a louça, dançar, ligar o rádio bem alto. Pular, ficar na varanda, ver o sol e ver a lua. Respirar fundo, com calma e pausadamente. Viver o sereno, ouvir o grilo e conversar até as seis da manhã. Decidir e trabalhar. Dia de mãos dadas, de abraços, de beijos. De mar, de conchas, de areia, brisa, vento, chuva. Dia de solidão. Chorar e sorrir ou sorrir para depois chorar. Dia para viver. Dia de viver. De ser feliz.

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A saudade

E desconsolada que estava, resolvi colocar nos dedos todos meus amigos. Nunca tinha parado para fazer isso, e, na verdade, não os coloquei nos dedos. Não contei. Só deixei o rosto de cada um invadir minha cabeça. Em fato, não sabia de onde saiu o tal desconsolo. Não entendi a tristeza. Nem era de todo ruim. Só acordei pensando nela. E então veio você. Que está tão longe, já há tanto tempo. A companhia plena de graças, de brigas, de discussões, de diagnóstico e de muitos cafés. A companhia de vida, de cachorros, de ombros e desabafos. De análise, de abraços, de cachos, de livros. Inglês, Lords, Francês, Garcia Marquez, estímulos, planos. Muitos planos. Você que está tão longe, você que partiu há algum tempo, e com quem não falo já há muito. Quem eu tenho deixado passar, mas não quero. Gostaria de dizer que a saudade, hoje, doeu. Dor feliz de você estar. Hoje eu queria notícias. Um livro para ler. Uma opinião, uma sugestão, uma mão para abraçar. Um cappuccino e nada para fazer. Hoje eu queria My fair lady e Freud. Te queria aqui comigo, com esse sorriso que me dá paz. O que me leva a esconder meus sentimentos o tempo todo, me faz hoje dizer o quanto amo você. Amigo, irmão, paizão. Obrigada pela paz da alma que me dá. A saudade vem a ficar. Sinta-se abraçado, de bengala, com lareira, comida boa e vinil.

 

*Dedicado ao meu melhor amigo alemão, de quem eu sinto tanta falta. Volta logo!*

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Piruetas

Dessa penumbra dos dias nos quais se pratica vontade própria, de repente em um sopro de ar em dia cinza, cruza meu caminho dois passarinhos piruetando no ar. Mais improvável que isso era o vôo sincronizado com a música que tocava no carro. Depois de algum tempo esperando exercer alguma vontade própria, há horas em que olhamos para a vida e nos vemos apertados em cubículos. Entre quatro paredes que nos apertam, nos pressionam e nos obrigam a decidir o que é melhor. 
Então, é necessário a decisão sábia entre tudo o que esperava e nada. O nada pode ser o novo tudo. Ou pode continuar sendo nada. A tal decisão faz-se parecer polarizada, entre o você e o que você quer. A duras penas percebe-se que são coisas são diferentes. A auto estima pode ser alta, a auto suficiência pode suprir certos males. A necessidade de sumir vem de um desejo de preservação daquilo que não cuida, não toma conta, vira de costas e não dá satisfações. Mas ainda está ali, a espreita, embora não se sabe porque. 
Apega-se a parte do futuro, ao fato de que dias melhores virão. Apega-se a dor e esboça fortaleza diante dela. Olha para frente visando um lado bom, e não um sono cômodo. Muda-se de planos, faz novos planos, se apega aos antigos, tanto faz. O fato é que a roda gira. Gira, sim. 
Não conseguir pensar é deveras perigoso. Entretanto, já cheguei a conclusão de que existem os Santos que nos protegem desses momentos em que somos ausentes da própria vida. Em que abandonamos grande parte dela para viver momentos a parte, os quais não internalizamos. Ou por não achar que vale a pena, por medo de sofrer, por não ter mérito de incluí-los dentro de nós. Me pergunto, qual mérito?
O relógio desperta todo dia. E hoje, a única coisa que me veio em mente é que quando assumimos o que queremos, não existe aquela escolha. Aquela lá entre você e o que você quer. Quando chegamos nesse ponto de sinceridade com nós mesmos, é a hora de assumir de que coisas nos são tiradas, e o mundo não acaba por causa disso. Nos tiramos das coisas, e ainda assim a vida continua ali. Principalmente, o fato de querermos algo de verdade, já torna isso parte da gente. Então não tem escolha. Entre você e você, eu fico comigo. E isso não excluí o fato de você já ter um lugar dentro de mim. Sendo assim, acenei para os passarinhos. Que suas piruetas renderam bons frutos.

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