Arquivo do mês: janeiro 2013

Ciranda de todo dia

Quando o sol quer ser bom, ele é um amigão. Para todos. Se faz e se desdobra para estar cá, aqui e ali. Nos dá olá e adeus. Quando queremos, temos uma voz alta. Cantamos. Cantemos. Quando queremos continuamos passando requeijão na bolacha todas as manhãs. Ou não.

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Rosas nossas

João jurou a Carolina sete rosas para o coração. Não sabia porquê do sete e de desespero se jogou ao chão. A pobre da Carolina soube por mensagem que de lá o bendito não sairia e chamou Maria para resolver a situação. João, saia já do chão. Não sem antes ver sentido em meu coração. Deixe de besteira que seu coração é farto. É cheio, tem audiência, mas falta inteligência. Maria já não insistia e falou a Pedro para não conformar. Tirar João do chão era missão para ele tentar. Pedro tentou, e muito, mas o amigo não estava disposto a vingar. Foi nessa que informou Clarissa do ocorrido, a qual foi chamar Luiza, que chamou Estênio, que chamou Gabriel, que chamou Luiz, que chamou Maria, que chamou Carolina. Carolina, a se descabelar, pegou em mãos o balde de água. Pois João, veja que vou te acordar. Jogue a água que quiser, daqui não saio. Pois há de sair. Não saio. A vida inteira aí vai passar? E para quê me servem sete rosas se nem ao menos sei explicar? Não tem que te servir, que sirvam a mim. Qual o sentido então, se nem ao menos o porquê saberá falar? Pois serão sete séculos que juntos haveremos de passar. João se levantou e conduziu Carolina ao altar. Pois bem sabia que dali em diante compraria dez rosas para cada século a estar, e as jogaria ao alto, pois era provado que, assim, a sorte para eternidade iria chegar.

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Pânico

Tem horas em que essa coisa de ser forte cansa. É bom querer ser forte. Precisar ser forte não costuma ser tão legal. Não é legal ter que ser forte em tempo integral. O que ela queria de ano novo era poder deixar o destino a levar. Queria poder deixar a vida seguir seu rumo natural. O desafio é saber qual é o rumo natural quando a escolha nunca foi sua. Quando do natural, não sobrara nada. O espontâneo se esvaiu. As escolhas nunca eram suas, afinal. Eram escolhas da boca de um povo, arrumado e sujo. Um povo de mal teores no coração. O que eles fariam? Como a obrigariam? Não é bom ter que ser forte por tanto tempo. Não é construtivo alicerçar uma fortaleza para carregar a si própria, a própria vida perder a vida e se tornar um fado. Para o ano que vinha, não tinha resoluções. E não acatava desejos de um bom ano. Já sabia o que estava para vir…e os tempos de esperança um dia se vão, quando a cena volta a se repetir, vezes e vezes. Toda vez, de pensar naquilo, doía. Castigo para quê, meu Deus? De que adianta ter tudo quando ninguém entende que aquele tudo é a merda de um nada? Ela fixava aquele olhar nas paredes de seu sufoco. Tum. Tum. Já não era bom estar sozinha, embora não mais soubesse o que era estar acompanhada. Tum, Tum, Tum. Sua presença solitária só reforçava o vago do amanhã, que injustamente lhe roubava o sono de hoje. Tum. Tum, tum, tum, tum. O suor se misturava com o choro. Mesmo. Não era bom ter forças para viver sozinha e ter que a compartilhar com os outros. Não era justo. Nunca fui justo ajudar quando não era ajudada. Brigou por ser livre, mas de livre a impressão foi livre demais. Estava deveras aprisionada em uma vida da qual não podia sair. A agorafobia acentuava cada qual de sua alma. Fobia de seu próprio corpo. Corpo roubado. Alma roubada. Vida roubada. Tum. Não era bom estar presa naquela vida que não era sua. De todos, todo mundo, menos sua.

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