Arquivo do mês: fevereiro 2018

Siga em frente

Quando era criança, tinha o hábito de imaginar uma redoma em volta de mim. Me sentia distante do mundo de fora, e protegida. Não sei exatamente em qual momento da vida resolvi que essa redoma era desnecessária e que, assim, poderia abraçar o mundo. Mas queridos, obviamente a criança nunca esteve errada em estar em uma redoma.

Vivemos pouco tempo, não sei se tempo suficiente, nunca se sabe. Vivemos coabitando com pessoas egoístas, centradas em seus próprios self, em terra de sentimentalismo não se pisa e nunca sabemos quem é do bem e quem não é. Nunca no mundo as pessoas assumiram um discurso tão vitimizante sobre ser passado para trás, ser enganado, ser traído, assaltado, morto ou pisoteado. Já é claro a banalidade disso tudo.

Na medida do possível, se blinde de corações cegos e, sobretudo, de quem não quer enxergar. Proteja seu eu, deixe-se íntegro como é, mesmo exposto a todos os tipos de críticas e erros que sejam, eventualmente, escarrados o tempo todo. Mesmo dos erros inventados. Mesmo dos medos induzidos. Tenha mais medo de se perder do que de perder qualquer outra pessoa. Siga em frente.

Você tem a você, a sua sombra e ao espelho. Não viva solitário, mas isso tudo deve bastar caso esteja solitário. Esteja ciente de suas qualidades, ninguém tem o poder de subjulgá-las ou minar sua auto-estima. Deixe essa última como seu bem precioso a ser protegido. Cuide de você, saiba sobre você, domine seu próprio conteúdo e compre o seu peixe: você sempre valerá a pena, invista no que te faz bem. Siga em frente.

Se reencontre todos os dias da vida. Lembre das expressões que usava há dois anos atrás, numa época feliz. Lembre das lágrimas do mês passado, lembre dos valores que te passaram e do que aprendeu nas viagens que fez. Recorde conselhos, conversas, conversas profundas. Retome conversas profundas, sinta bem quem te acrescenta no papo que for, aprenda com o outro, se aposse de conhecimentos esporádicos e de conversas banais. Siga em frente.

Valorize tudo que está para dentro, todos os livros que leu, as músicas que ouviu, os filmes que viu, tudo aquilo que assimilou. Lembre de que você aprendeu polinômios e tabela periódica, e que passou nas provas de inglês. Lembra que já foi do céu ao chão e sobreviveu. Lembre que dentro de você há sempre mais espaço preenchido do que vazio, e que esse espaço precisa ser lembrado e ressignificado como algo que te empodera, acrescenta, cresce e significa. Se valorize verdadeiramente, siga em frente.

Não seja conivente com a falta de respeito, falta de vivência ou falta de amor. Na medida do possível, sinta amor e, acima de tudo, aventure-se, mas sinta-se amado, caso contrário não vale a pena. Se critique, receba críticas, mas por favor selecione aquelas que vem realmente com objetivo de acrescentar e te fazer crescer, rejeite tudo que queira te deixar para baixo. Tenha serenidade para discernir ambas, e siga em frente.

Não desista de você, e caso tenha pensado nisso, algo está muito errado. Procure ajuda, você tem sua redoma e precisa aprender a usá-la. Siga em frente, para os próximos passos, com a certeza de que não vai ser como antes. Nada é como antes. Daqui um minuto, uma hora, um mês: se agora dói, saía desse lugar que te machuca, vista sua redoma e busque os bons. Em nome do seu eu: por favor, siga em frente.

 

Com amor.

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